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“Senhor, amo a beleza de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória”. (Sl 25,8)

27 Quarta-feira Mar 2013
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“Senhor, amo a beleza de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória”. (Sl 25,8)
26 Terça-feira Jun 2012
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“No vilarejo de Dardilly, a Revolução [Francesa] passou quase despercebida. Um sacerdote ‘juramentado’ substituíra o venerado cura da paróquia, que se retratara da sua vergonhosa promessa depois de ter prestado o juramento [houve uma lei que obrigava todos os sacerdotes a prestarem juramento à nova Constituição, que subordinava totalmente a Igreja da França ao Estado. Mais da metade do clero recusou-se a prestar esse juramento;com isso, abriu-se uma profunda divisão entre ‘juramentados’ e ‘não-juramentados’]. Mas os Vianney não suspeitavam de que o novo pároco fosse um herege, até que o seu linguajar, mais político do que edificante, acabou por abrir-lhes os olhos. Pouco a pouco os fiéis foram abandonando a velha igreja. Começava a perseguição.
“Os camponeses acobertavam os sacerdotes proscritos. Davam-lhes um esconderijo, um disfarce e um pouco de alimento. Reuniam-se secretamente aos domingos, durante a noite; o caminho, às vezes, era longo. Um celeiro servia de igreja; um cocho, de altar; Cuidavam de não rezar em voz alta. O sacerdote expunha-se ao cadafalso; os fiéis às galés. Valia a pena ser cristão naquele tempo.”
Trecho do livro “O Cura d’Ars”, de Henri Ghéon.
São João Maria Vianney, o cura de Ars, viveu durante a Revolução Francesa. No trecho que tirei do livro de Henri Ghéon, podemos ver até que ponto aqueles cristãos fervorosos se arriscavam para poderem assistir à Santa Missa. Havia a opção de assistir a Missa com um sermão herético, mas isso não era opção para eles. Tinham Deus como prioridade. Sabiam colocar as coisas em seu devido lugar, e conheciam o valor da Missa para arriscar tudo por ela. E olha que a liturgia ainda era a da Missa de Sempre.
Muitas coisas aconteceram desde então. Hoje, não só temos que tomar cuidado com as doutrinas de certos sacerdotes por aí, como também temos que observar todos os aspectos da liturgia, o “depósito da Fé.” Em compensação, se o trabalho é duplo, os fiéis estão duplamente enfraquecidos. Quantos católicos atualmente teriam a coragem daqueles do tempo de São João M. Vianney? Aqueles que arriscavam seu pescoço para assistir à Missa no celeiro? Acho que o comodismo fala mais alto, ao menos para a grande maioria. E aqueles indignavam-se tão somente pelas heresias que chegavam aos seus ouvidos; estes, no entanto, contentam-se em ver fazerem do Calvário de Cristo uma Ceia do Diabo, nas suas mais variadas formas.
Sem querer ter a audácia de comparar-me com São João Vianney e sua piedosa família, mas pelo contrário, agradecendo a Nosso Senhor por ter me concedido conhecer bem a Fé que recebi no Batismo e a Missa em sua forma “extraordinária”, percebo essa semelhança dos católicos “tradicionais” com os contemporâneos deste venerado santo; hoje, precisamos, em muitas dioceses, privar-nos do luxo de poder ir na sua igreja paroquial, tão perto da sua casa, mas como aquelas pessoas, procurar uma Missa dignamente celebrada num lugar remoto da região.
Que temos muitos sacerdotes que não tem respeito pela Santa Missa, disso sabemos. Mas creio que temos mais ainda sacerdotes que têm medo de desagradar à “nova geração moderninha” de fiéis que gostam de uma missa mais animada, sem falar daqueles (me atentei para isso ontem, lendo um artigo sobre os problemas da RCC) que procuram fazer uma evangelização mais preocupada com quantidade do que qualidade, que encha sua Igreja e anime seus paroquianos. Afinal, que padre não quer ver a igreja lotada? Mas vejamos isto por um outro ponto de vista.
Escrevi este texto para ilustrar um pouco a situação daqueles que se dispõem a seguir o exemplo do Cura d’Ars:
“Imagine uma biblioteca. Uma grande biblioteca, bem organizada, com anos de história, silenciosa, própria para um bom estudo. Mesmo assim, está quase sempre vazia. O grupo que a frequenta é muito pequeno; no entanto, faz ótimo uso do material que a biblioteca tem a oferecer. Estudam muito, esforçam-se para aprender o máximo que puderem.
“Porém, um certo dia, aparece um novo bibliotecário. Este impressiona-se por ver uma biblioteca tão boa sendo tão pouco aproveitada. Decide fazer algo a respeito.
“Começa a trazer para a biblioteca, de vez em quando, algumas novidades mais ‘modernas’, tudo que o público jovem gosta: coleções sertanejas, baile do livro, afro-literatura, manuais da língua dos anjos… Logo, atraiu um pouco mais de gente, o que quase compensou o aumento de reclamações por parte daqueles antigos estudantes frequentadores do local devido o barulho e a bagunça que os novos frequentadores faziam. Os bibliotecários respondiam que era necessário algum sacrifício para que conseguissem que mais pessoas conhecessem a Biblioteca e eventualmente começar a estudar.
“Passando o tempo, vendo que aquilo aparentemente funcionava, os bibliotecários passaram a organizar mais novidades na biblioteca, inclusive alguns eventos que chocaram a comunidade, para uma biblioteca tão tradicional.
“O número de frequentadores só aumentava, o de estudantes, nem tanto; mas, mesmo assim, seria um ‘sucesso a longo prazo’. Mas os antigos alunos não se sentiam bem ali. De fato, nem parecia o mesmo lugar. De biblioteca, só tinha o nome no letreiro. O barulho, a sujeira, os livros tratados com desleixo; tudo aquilo os deixava muito tristes.
“Aos poucos, esses antigos frequentadores migraram e organizaram-se em grupos de estudos em casas e outras bibliotecas mais organizadas, embora ficassem em áreas isoladas da cidade.
“O que aconteceu no final? Estes estudantes passaram no Vestibular. Os outros, esqueceram-se de estudar, com tanta festa que tinha. Chegaram no dia do Vestibular e não sabiam nada; foram desclassificados pelo Grande Professor.”
Qualquer semelhança com a realidade NÃO É mera coincidência.
20 Quarta-feira Jun 2012
Posted Da Santa Igreja
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batina, camisa clerical, comunismo, diácono, eclesiásticas, marxismo, modernismo, padre, pastor, presbítero, sacerdote, teologia da libertação, vestes
Pe. José Antonio Fortea
REDAÇÃO CENTRAL, 12 Jun. 12 / 02:30 pm (ACI/EWTN Noticias)
O famoso sacerdote exorcista espanhol José Antonio Fortea remarcou a importância de que os sacerdotes vistam a batina, como um sinal de consagração a Deus e de serviço aos fiéis.
Numa entrevista concedida ao grupo ACI, durante sua visita ao Peru, onde participou da solenidade de Corpus Christi na cidade de Trujillo, na costa norte do país, o Pe. Fortea indicou que “os clérigos devem vestir-se da mesma forma que os sacerdotes mais exemplares se vestem nessas terras, porque ir identificado é um serviço”.
Depois de destacar que é obrigação da Conferência Episcopal de cada país determinar qual é o melhor sinal sacerdotal, o Pe. Fortea indicou que “a minha recomendação a respeito deste tema é que o sacerdote se identifique como tal”.
Em efeito, o Código de Direito Canônico, no artigo 284 indica que “os clérigos têm que vestir um traje eclesiástico digno, segundo as normas dadas pela Conferência Episcopal e segundo os costumes legítimos do lugar”.
Por outra parte, a Congregação para o Clero, no seu “Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros”, expressou “que o clérigo não use o traje eclesiástico pode manifestar um escasso sentido da própria identidade de pastor, inteiramente dedicado ao serviço da Igreja”.
“Numa sociedade secularizada e tendencialmente materialista, onde tendem a desaparecer inclusive os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero, homem de Deus, dispensador de Seus mistérios, seja reconhecível aos olhos da comunidade, também pela roupa que leva, como sinal inequívoco da sua dedicação e da identidade de quem desempenha um ministério público”, assinala o documento vaticano.
O Pe. Fortea destacou que “não vamos identificados porque gostamos. Pode ser que gostemos ou não. Vamos (identificados) porque é um serviço para os fiéis, é um sinal de consagração, ajuda a nós mesmos”.
O presbítero reconheceu a dificuldade de que a um sacerdote a quem desde o seminário não lhe ensinou sobre o valor do hábito de usar a batina, mude depois, entretanto precisou que nos últimos isto anos “foi mudando para melhor”.
“É fácil mantê-lo (o hábito), é difícil começá-lo. Mas o sacerdote deve ir identificado”, assinalou.
Ao ser consultado se o costume de não usar a batina guarda alguma relação com a Teologia Marxista da Libertação, o Pe. Fortea assinalou que “agora as coisas já mudaram”.
“Foi nos anos 70, 80, onde todos estes sacerdotes se viam a si mesmos mais como pessoas que ajudavam à justiça social. Ali não tinha sentido o hábito sacerdotal, o hábito sacerdotal tem sentido como sinal de consagração”.
Para o famoso exorcista, “agora já passou isso, mas ficou o costume de não vestir-se como tal e claro, é difícil, eu entendo que é difícil. Mas estas coisas estão mudando pouco a pouco”.
15 Terça-feira Maio 2012
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aparecida, arautos, ícone, bote, cruz, distrito, evangelho, evangelização, fé, federal, jmj, juventude, modernismo, nova, paróquia, samambaia, tradição
Recentemente, em minha paróquia, aconteceu a Missão Mariana dos Arautos do Evangelho. Deixando de lado as heterodoxias internas que este grupo possa apresentar, devo dizer que fizeram um trabalho impressionante, como disse meu pároco, “algo que não se acreditava possível de fazer.”
Eles iniciaram sua missão numa segunda-feira (30/04) a noite, com a Santa Missa de abertura, e terminaram no Domingo (05/05), também a noite, com a Santa Missa de encerramento. Nem uma semana completa foi. Devo acrescentar que muitas pessoas nem sequer sabiam do que estava acontecendo.
Santuário dos Arautos
Bom, no tempo em que eles ficaram aqui, todos os dias começavam e terminavam com a Santa Missa. Novus Ordo, é verdade, mas muito bem celebrada. Com direito a Canto Gregoriano, paramentos litúrgicos dignos, patena na hora da comunhão, e o que mais percebemos, é claro, a falta do “Paz de Cristo!”, de palmas e etc. Alguns abusos aqui e ali, mas de qualquer modo, bem melhor que o geral. (Olha o que a situação nos faz dizer… eleger como ótimo aquele que simplesmente é menos pior.)
Enfim, ainda que com falhas, eles foram a experiência mais forte e próxima que as pessoas de minha paróquia tiveram com a Tradição. Desde a liturgia até o modo de conduzir a procissão, era no mínimo ‘curioso’ como eles o faziam.
Na Missa de encerramento, com a Coroação de Nossa Senhora, a igreja estava tão cheia, tão cheia, que de fora não se via as portas da igreja: só se via gente, gente e mais gente. Até uma menina de véu apareceu!
————–
Quase uma semana depois do encerramento, no Sábado (12/05), nossa Paróquia sedia mais um evento, a passagem da Cruz e Ícone da JMJ – Jornada Mundial da Juventude, que neste fim de semana estava percorrendo as cidades do Distrito Federal.
Meu grupo (o Praesidium Jovem da Legião de Maria) ficou responsável de rezar o Angelus (sim, no tempo pascal) durante a meia hora que a Cruz e o Ícone estariam conosco. Eu, particularmente, não estava interessado em ir, mas já que nos incumbiram desta tarefa, nós fomos.
Estava previsto que o evento começaria com uma Vigília das 8h as 11h, quando chegaria a Cruz, que ficaria até 11h30 e partiria então pro Recanto das Emas. Vale lembrar que esses símbolos da JMJ estão percorrendo o mundo, vieram diretamente do Papa, estão diretamente ligados a juventude, estão sendo anunciados desde meses atrás, e enfim, tem tudo pra chamar a atenção da comunidade, até mesmo daqueles que não são muito de Igreja. Tanto que eles tiveram direito a 2 dias de festa na Esplanada de nossa Capital. O dia de Nossa Senhora de Fátima, porém, não teve tanta sorte.
Chegando a igreja que receberia a Cruz, vi que estavam montando um palco em frente a entrada da igreja. Percebi que tinha um poster do Papa, alguns enfeites, e -eis que vejo- a terrível bateria. Aquilo, como sempre, foi uma visão de embrulhar o estomago. É sinal de que algo ruim vai acontecer.
Bom, depois vi que o evento não era só da minha Paróquia, mas (pelo que pude ver) de várias, senão todas as paróquias de Samambaia. Toda hora chegavam padres, e alguns, devo acrescentar, sem a menor distinção de um sacerdote.
Aí, sobem três meninas vestidas com roupas a la Gennie, a gênia da lâmpada mágica, com cores vibrantes como as meninas super poderosas. Elas eram as animadoras, pelo que vi. Aí, começou o ‘aquecimento’. Uma música de torturar os ouvidos e uma dancinha de querer arrancar os olhos, ficavam repetindo até que chegassem a Cruz e o Ícone. Me pergunto se se portariam desse jeito se no lugar da Cruz tivesse o próprio Cristo crucificado, e no lugar do Ícone, sua Mãe Santíssima… tenho medo que a resposta seja sim.
Aí, um dos sacerdotes com menos cara de sacerdote, vestiu sua alva, pôs a estola, e foi fazer companhia as 3 meninas coloridas, lá no palco. E então dançou, cantou, pulou, bateu palminhas… me senti como num show do Marcelo Rossi! Os outros foram menos ‘animadinhos’, mas não vi ninguém repreendendo a atitude. Pelo contrário, tenho certeza que tudo havia sido planejado com antecedência.
E então, depois de um momento de ‘animação e descontração’, chegam a Cruz e o Ícone. Nem preciso dizer a desorganização que foi pra ver quem levava, quem buscava, quem fazia corrente em volta… típico!
Mais um pouco de animação, e então começa a celebração (calma, não foi a Santa Missa, graças a Deus!). O tema foi respeito a vida, em virtude da recente aprovação do aborto dos anencéfalos. Tudo foi normal, na medida do carismatismo. Até que chegou a hora de eu ir rezar o Angelus (único motivo pelo qual eu estava ali). Acho que esqueceram de avisar o padre que nós íamos rezar, e ele começou e terminou a oração. E nós, ficamos com cara de tacho atrás dele. Subimos e descemos. Fim da história.
Depois, mais um pouco de bagunça, bagunça, a Cruz deu uma volta no estacionamento onde estávamos, aí a Benção final, terminada com a bagunça final. Aí levaram a Cruz embora.
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Pode parecer sem sentido ter dito tudo isso, mas deixe-me fazer algumas comparações. Em primeiro lugar, é interessante notar que esses dois eventos aconteceram no mesmo lugar. Mesma capela de Nossa Senhora de Fátima.
No entanto, o primeiro movimentou a paróquia todinha, LOTOU a capela que já não é pequena, ainda que só tivesse sido avisado no Domingo anterior a abertura das Missões e tivesse sido restrito só pra nossa Paróquia. A chegada da Cruz e do Ícone, no entanto, era, ou melhor, deveria ter sido, um evento quase histórico na comunidade. Teve a presença de todas as comunidades de Samambaia, um planejamento bem maior, enfim, ‘outro nível’.
Porém, qual conseguiu mais ‘público’?
Em qual podemos ver ‘Deus chamando os jovens’?
É na nova evangelização a la modinhas?
Ou foi na experiência mais próxima com a Tradição que a Paróquia já teve?
Só mais um relato pra mostrar aquilo que todos nós já sabemos. Esse modernismo travestido de igreja não dá em nada, não ‘edifica’ nada, não é ‘encontro verdadeiro com Jesus’, como afirma ser.
Jovem não quer inovação. Jovem quer é TRADIÇÃO!
Jovens da KJB (Organização Jovem da Fraternidade São Pio X)
02 Quinta-feira Fev 2012
Posted Da Santa Igreja, Dos Santos e Santas
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acordo, fé, hereges, inviolável, modernismo, opositores, pagãos, pio, religiões, salvação, são, verdade, x
[artigo retirado de: http://conservador.blog.br/2011/12/para-sao-pio-x-um-acordo-com-opositores.html]
Autor: Paulo Roberto Campos
A propósito do meu post anterior ( O “desmentido” que não desmente ), recebi um texto que considerei como um presente de Natal. Agradecendo o “regalo” e aqui desejo compartilhá-lo com nossos leitores.
Refere-se a um trecho extraído da encíclica Communium Rerum, do grande Papa São Pio X [foto ao lado]. Tendo feito a leitura, suponho que se poderia tirar uma conclusão e fazer uma analogia com o tema do mencionado post. Como seria diferente (para muito melhor, é claro) a situação da Igreja e do Brasil, bem como a força dos católicos, se o clero brasileiro seguisse o magnífico exemplo de São Pio X. Como utilizando, em defesa da moral católica, a linguagem firme e clara daquele Santo Pontífice. Entretanto, muitos preferem não empregar a linguagem do “sim, sim; não, não” — preferem ceder para não perder… Em vez de lutar para vencer!
Um escritor afirmou: “O Brasil e o mundo não precisam de grandes sábios, precisam de grandes santos”…
Dileto leitor, leia o trecho abaixo e tire suas conclusões. Se desejar, deixe sua apreciação, clicando no item “comentários” no final.
“Estão muito equivocados os que acreditam possível e esperam para a Igreja um estado permanente de plena tranquilidade; porém, é pior, e mais grave, o erro daqueles que se iludem pensando que alcançarão essa paz efêmera mediante a dissimulação dos direitos e interesses da Igreja, sacrificando-os aos interesses privados, diminuindo-os injustamente, comprazendo ao mundo, ‘no qual domina inteiramente o demônio’ (I Jo V,19), com o pretexto de captar a simpatia dos fautores de novidade e atraí-los à Igreja, como se fora possível a harmonia entre a luz e as trevas, entre Cristo e o demônio.Trata-se de sonhos doentios, de alucinações que sempre ocorreram e ocorrerão enquanto houver soldados covardes que deponham as armas à simples presença do inimigo, ou traidores que pretendam a todo custo fazer as pazes com os opositores, a saber, com o inimigo irreconciliável de Deus e dos homens”. (Encíclica Communium Rerum, de 21 de abril de 1909).
24 Terça-feira Jan 2012
Posted Da Santa Igreja
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antigo, arquitetura, artificial, barroco, beleza, bonito, catedral, céu, ecumenico, espiritualização, feio, futurismo, gótica, igrejas, ii, laico, maneirismo, modernismo, moderno, modismo, pecado, templos, tradicional, tradicionalismo, vago, vaticano
[texto tirado de: http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=B1D30CD4-3048-560B-1C40426C34447D00&mes=Agosto2006&pag=1 ]
Igrejas modernas, “feias como o pecado”
X
Igrejas tradicionais, antecâmaras do Céu
Para arquiteto americano, muitos sentem, mas poucos dizem: as igrejas modernas criam um ambiente que leva à perda da fé. Em sentido contrário, as igrejas antigas, fiéis à tradição, estimulam a fé e a piedade, tornam atraente a virtude e alimentam o desejo do Céu.
Luis Dufaur
Por certo o leitor já terá visto igrejas católicas em estilo moderno ou modernizado, ou mesmo entrado em alguma delas. Que impressão causam? Para muitos, as formas e estilos artísticos não tradicionais causam mal-estar psicológico. Por isso, não raramente lamentam-se, e confessam ter saudades dos estilos antigos. Se o leitor conhece gente assim, ou é um deles, encontrará aqui algo que lhe explicará muitas coisas.
Faltava a publicação de um estudo que apontasse com clareza, conhecimento, seriedade e respeito o que a nova arquitetura católica tem de censurável. Michael S. Rose, jovem arquiteto americano, doutor em Belas Artes pela Brown University (dos EUA), pôs o dedo na ferida. E a repercussão foi vasta. Seu livro, Feia como o pecado — Por que transformaram nossas igrejas de lugares sagrados em salas de reunião, e como voltar atrás(1), tornou-se leitura de referência. Na esteira desse sucesso, o autor publicou Em camadas da glória: o desenvolvimento orgânico da arquitetura das igrejas católicas através das épocas(2) e entrou na lista dos best sellers do “New York Times”.
No texto que segue, o primeiro livro será citado com a letra U (de Ugly, feia), seguida do número da página. E o segundo livro será citado com a letra T (de Tiers, camadas), também seguida pela página correspondente.
Ambiente arquitetônico influencia tendencialmente os fiéis
Michael S. Rose
Constatou que os fundamentos dos estilos católicos para construir igrejas ao longo de dois milênios foram contestados e expulsos pela nova arquitetura eclesiástica. Não é uma divergência de gostos, preferências, comodidade ou custos, segundo o autor. Trata-se de uma oposição medular entre dois modos de considerar a ordem do Universo, da Redenção e da Igreja, aplicados à arquitetura.
Embora Dr. Rose seja católico, escreveu sua obra do ponto de vista de um arquiteto. Identificou os princípios e usos que guiam os profissionais quanto à feiúra arquitetônica religiosa moderna. Vasculhou na tradição e na história da Igreja as razões pelas quais um templo é católico independente de estilos, escolas e eras históricas. Encontrou um tesouro de doutrinas — algumas reveladas por Deus, e muitas outras elaboradas pelo Magistério tradicional da Igreja.
As duas concepções passam mensagens antagônicas, através de formas estéticas, cores, proporções, num sem-número de elementos simbólicos materiais. Elas modelam o modo de sentir, de praticar e de aderir à fé e atingem algo muito íntimo: o próprio modo de ser de quem freqüenta as igrejas.
Como isso acontece? Rose o mostra, historiando a origem de ambas concepções.Dr. Rose timbra em ressaltar: “Um postulado básico que os arquitetos aceitaram durante milênios é que o ambiente arquitetônico tem a capacidade de influenciar profundamente a pessoa, o modo como ela age e sente, o que ela é” (T, 9). E acrescenta: “A arquitetura da igreja afeta o modo mediante o qual o homem pratica o culto; o modo de prestar culto afeta o que ele crê; e o que ele crê afeta não somente sua relação pessoal com Deus, mas o modo como se comporta na vida diária” (U, 7).
Fidelidade das igrejas antigas às origens bíblicas e canônicas
O arcabouço do templo católico foi ditado por Moisés durante a travessia do deserto. Ele mandou que os judeus demarcassem nos acampamentos um espaço retangular sagrado. Numa extremidade era montada a tenda, ou tabernáculo, que continha a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei. Diante da tenda, erigia-se o altar do sacrifício. Este esquema guiou a construção, pelo rei-profeta Salomão, do Templo de Jerusalém, completado em 966 a.C.
Durante as perseguições romanas, os primeiros cristãos foram constrangidos a se congregarem em casas ou nas catacumbas. Quando obtiveram a liberdade em 313, com o edito de Milão, do Imperador Constantino, eles escolheram para suas igrejas os altos, ricos e imponentes edifícios chamados basílicas. Eram as construções mais próximas do Templo ideal. Possuíam cinco naves e uma abside reservada para os magistrados, a qual apresentava o chão elevado. Os cristãos acrescentaram um transepto para que a planta do edifício formasse uma cruz. No cruzamento dos braços da Cruz instalaram o altar. Em Roma, podem-se visitar algumas das mais famosas dessas basílicas, como a de São Paulo fora dos Muros, São João de Latrão e Santa Maria Maggiore.
Igreja Na. Sra. da Conceição, Ouro Preto - MG
Essas basílicas cristianizadas constituíram o ponto de partida do estilo românico. Neste, o teto plano foi substituído pelos arcos de meio ponto que nos remetem à abóbada celeste. Surgiu depois o estilo gótico, com a ogiva que acena para alturas infinitas. Ele é hierático, sacral e solene; lógico, matizado e requintado; um resumo da ordem do Universo.
O estilo barroco deu ênfase ao movimento, às cores e à estatuária, manifestando aos fiéis a proximidade do mundo sobrenatural com o terreno. Luminoso, cálido e acolhedor, contrapôs-se à visão do protestantismo: ressequida, hirsuta, cinzenta e utilitária. Podemos apreciá-lo em inúmeras igrejas coloniais brasileiras.
Planta de S. Maria Maggiore
O século XIX misturou os estilos, e até viu renascer o gótico. A variedade foi pasmosa, mas o espírito e o ambiente das igrejas católicas continuou sempre marcado pelo recolhimento, a sacralidade e a unção sobrenatural, sinais da aprovação divina. Esta continuidade, explica o autor, deve-se a que todos eles respeitaram os princípios da tradição arquitetônica católica.
Origens protestantes das igrejas católicas modernas
Na primeira metade do século XX apareceram igrejas em estilos modernos, desprovidas desse espírito. Como foi isso possível?
O arquiteto americano mostra que o protestantismo, estéril por natureza, foi incapaz de gerar um estilo arquitetônico próprio. Seus heresiarcas fundadores preferiram galpões sem graça. Porém, os pastores heréticos conservaram antigas igrejas católicas usurpadas, para se darem ares de credibilidade. É a razão pela qual, no Brasil, eles construíram alguns templos de inspiração neogótica.
Até que, em meados do século XIX, um movimento interno no protestantismo reivindicou prédios mais consentâneos com o seu espírito. Esses templos foram construídos focalizando leitura e reunião, e não o sacrifício do altar. Eles imitam anfiteatros e auditórios. Surgiu assim uma arquitetura “deliberadamente não-eclesiástica, sem altar, sem tabernáculo e sem presbitério” (T, 99).
Tendência análoga processava-se no modernismo católico. “Após a II Guerra Mundial, os católicos começaram a experimentar novas formas e configurações. […] Algumas destas experiências foram inspiradas pelo movimento liturgicista católico, e dirigidas por líderes da arte e da arquitetura modernista […]. A estatuária foi evitada, a estrutura de basílica foi descartada e o sagrado não foi mais diferenciado do profano. Utilizando linhas retas e geometrias abstratas, arquitetos como Rudolph Schwartz e Dominikus Bohm criaram ‘espaços de culto’ frios e secos muito antes que estas experiências atingissem o seu auge nas décadas que seguiram o Concílio Vaticano II” (T, 100-101). Nessas “experiências”, a piedade e a unção sobrenatural desapareceram.
Le Corbusier cria igrejas-máquina, ou de pesadelo
O arquiteto suíço Le Corbusier criou dois exemplos típicos da nova arquitetura em sintonia com a nova teologia. “Sua Notre Dame du Haut (1950-1954) em Ronchamp, França, é talvez o epítome de uma igreja desenhada como uma escultura abstrata.
O mosteiro dominicano de La Tourette (1951), […] com seus espaços áridos e opressivos, foi um fracasso monumental” (T, 101-102).(3) Le Corbusier sustentava que a casa é uma “máquina para morar”.
Mosteiro dominicano de La Tourette
Portanto, máquina, e não a figura humana, seria o paradigma para a arquitetura. Este critério insano “foi aplicado na arquitetura eclesiástica católica dos anos 60, enquanto que a Igreja, desorientada como foi pelo novo movimento litúrgico, sucumbiu à idéia de que a arquitetura da nova igreja deveria explorar os materiais e os métodos modernos.
Catedral do Rio de Janeiro
Então, a maioria das obras desta época foram efetuadas com aço, vidro e concreto, desenhadas como grosseiras massas, obedecendo à forma de conchas, navios, arcas e outros temas náuticos; ziggurats, naves espaciais, colméias, toldos de índio, artefatos para pouso lunar, e vários tipos de origami” (T, 102).(4)
Entre esses templos revolucionários, Dr. Rose cita a catedral do Rio de Janeiro. Igreja cônica, algo sem precedentes no catolicismo, lembra ela os templos babilônicos, dos quais o maior foi a Torre de Babel (T, 100).
Catedral de Maringá.
O autor alude também à catedral de Brasília — que compara a uma torre para esfriar água — e à de Maringá, cuja forma cônica reporta-se ao satélite soviético Sputnik, lançado em 1957.
Protótipos para o século XXI causam horror
O desconcerto e o mal-estar cresciam. Mas o pior estava por vir.
Igreja do Jubileu 2000
No ano 2000, segundo o arquiteto americano, três projetos visaram marcar a arquitetura do novo milênio. O primeiro foi a Igreja do Jubileu 2000, na paróquia romana em Tor Tre Teste, construída pelo arquiteto Richard Meier. Dela “se diz que foi concebida pela diocese de Roma como um protótipo para o III Milênio”. Reúne uma “série de paredes de concreto retilíneas e curvilíneas recheadas com vidro, todas num plano horizontal, como se o prédio pudesse ser arrancado qualquer dia e transportado a alguma outra superfície” (T, 104). Para os críticos, evoca mais a Opera de Sydney ou uma sala protestante perfeitamente puritana.
Catedral de Nossa Senhora, de Los Angeles, EUA.
Catedral de Nossa Senhora, de Los Angeles, EUA.
O segundo foi a catedral de Nossa Senhora, de Los Angeles, EUA. Teve-se em vista uma catedral que “com o seu aspecto grosseiramente volumoso, contrastes agudos, estrutura assimétrica desprovida de ângulos retos, rompesse deliberadamente com a continuidade histórica de dois milênios de arquitetura católica para as igrejas. Mas paga tributo aos últimos cinqüenta anos de estruturas para escritório, banais e sem inspiração, que têm poluído a paisagem do centro de Los Angeles e da maioria das outras cidades americanas” (T, 105).
A terceira grande experiência foi a Catedral Christ the Light, em Oakland, Califórnia. O projeto vencedor, de Santiago Calatrava, propôs “uma concha gigante semi-aberta, uma caixa torácica ou pança de uma baleia. Foi a primeira catedral que iria ter um teto retráctil. […] “The San Francisco Chronicle” descreveu a proposta como ‘uma estrutura de costelas de aço pintado, vidro e concreto, que parece tão futurista como os restos de um esqueleto de uma criatura pré-histórica corcunda’” (T, 106-107).
Após descrever a divergência existente nas origens das duas tendências, o autor desce aos pormenores das oposições.
Notre Dame de Paris, arquétipo de catedral católica
Catedral de Notre Dame
A arquitetura eclesiástica católica bem sucedida é uma corporificação material das doutrinas da fé.
Dr. Rose exemplifica isso com a catedral Notre Dame de Paris. Ela é a jóia-da-coroa da Cidade Luz, o verdadeiro epicentro, a alma da capital francesa. Solene e maternal, ela irradia sua influência a partir da Île de la Cité, como uma grande dama a partir do palácio, no centro do seu feudo. Ela é a representação do Cristianismo na sua totalidade: desde o império universal de Nosso Senhor Jesus Cristo até os sofrimentos dos precitos no inferno. Nela, o peregrino percebe a luta entre o bem e o mal, entre o sagrado e o profano, entre o eterno e o passageiro. Notre Dame, ele insiste, é arte no sentido mais nobre do termo, é arquitetura da mais alta classe, um “lugar sagrado” que espelha as realidades eternas.
Visibilidade, hierarquia e simbolismo da igreja
Para os construtores de igrejas, diz Dr. Rose, as palavras de Cristo são normativas. E o Divino Mestre ensinou no Sermão das Bem-aventuranças: “Não pode se esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Nem os que acendem uma luzerna a metem debaixo do alqueire, mas põem-na sobre o candeeiro, a fim de que ela dê luz a todos que estão na casa” (Mt 5, 14-15). Por isso, a igreja não pode ficar dissimulada ou escondida. A igreja tem que sobressair no panorama. Esse destaque deve ser audível também. Os sinos lembram a presença de Nosso Senhor na Terra, convocam à oração, marcam os acontecimentos transcendentais da vida, espantam os demônios.
Porque é sagrada, a igreja tem uma superioridade natural sobre os prédios profanos que a circundam. O bom encaixe estético e hierárquico foi bem alcançado com uma transição harmônica. Onde possível, uma praça ou um largo, que pertencem à esfera temporal, faz o primeiro espaço de transição. Logo vem o átrio, pátio aberto que lembra o átrio do Templo de Salomão, e que pertence à igreja.
Rosácea
A fachada é o rosto da igreja. Ela evangeliza, ensina, catequiza. Na Idade Média, bastava ao catequista explicar o significado das inúmeras estátuas e cenas entalhadas na pedra, para dar aulas perfeitas sobre as verdades fundamentais da fé, as virtudes e os vícios opostos, a História Sagrada, a ordem do Universo, a hierarquia das ciências, etc.
No coração da fachada de Notre Dame encontra-se a rosácea. Ela forma a coroa da Santíssima Virgem. A rosa é emblema de Nossa Senhora. Na Idade Média, quase todas as catedrais foram dedicadas à Mãe de Deus.
A rosácea é denominada “olho de Deus”, porque antecipa a visão beatífica. Representa também a perfeição, o equilíbrio e a harmonia da alma purificada, que se prepara para ingressar no Reino Celeste eternamente.
A nave, símbolo da Arca da Salvação e da maternidade da Igreja
O nártex (vestíbulo sob o coro) é o primeiro espaço sagrado da casa de Deus. Também é conhecido como galilé, porque dali parte a procissão que, no início da Missa, dirige-se até o altar, simbolizando a jornada de Cristo desde a Galiléia até Jerusalém, rumo ao sacrifício do Calvário. No nártex, a água benta lembra o batismo, a necessidade do perdão dos pecados, e tem efeito exorcístico sobre o demônio e as tentações.
A nave encarna a “Arca de Salvação”. A Igreja, Ela própria, é essa arca, a Barca de Pedro. Simboliza também o seio materno, pois a Igreja gera as almas para o Céu.
Confessionário
Ela é ainda imagem do Corpo Místico de Cristo posto a serviço de sua cabeça: Deus Nosso Senhor. Um famoso diagrama coloca o Crucificado sobre a planta de uma igreja típica. Sua divina cabeça repousa no presbitério, os braços no transepto, o corpo e as pernas na nave. As colunas da nave representam os Apóstolos, e as colunas do cruzeiro simbolizam os quatro Evangelhos.
Os genuflexórios servem para a posição corporal essencial do culto: a genuflexão, que é própria da adoração, necessária para se obter o perdão dos pecados.
São Carlos Borromeo recomendou que os confessionários sejam situados nas partes laterais da igreja; que o penitente nele esteja ajoelhado, separado do confessor por uma tela, numa posição onde possa ver o presbitério.
O púlpito, de preferência hexagonal, encontra-se no lado norte da igreja, à direita de quem entra. Como no hemisfério setentrional o norte é o lado menos luminoso, simboliza as trevas, a barbárie e o erro, que os sermões devem dissipar, ou devem ser eliminados pela pregação destemida das verdades evangélicas. Também no lado norte deve situar-se a pia batismal, pois as crianças que ali chegam ainda não pertencem à Igreja. As igrejas devem apontar para o Oriente, pois de lá veio o Salvador, e por ali chegará em sua segunda vinda, em pompa e majestade.
A indispensável posição monárquica do presbitério
Crucifixo
A arca de salvação está ordenada em função do presbitério, local do altar do sacrifício e do tabernáculo, que está dirigido para o Oriente. É o equivalente cristão ao Santo dos Santos dos hebreus, no deserto e no Templo de Salomão.
O nível do presbitério é mais alto que o da nave. A ele se destinam os mais ricos materiais e a arte mais elaborada. Desta forma, lembra-se ao fiel que a Igreja é hierárquica, composta de membros diferentes, sendo Nosso Senhor a cabeça, representado pelo Papa, bispos e sacerdotes, e com os religiosos e leigos cumprindo suas funções na Igreja militante.
O arquiteto Ralph Adams Cram explicou que “cada linha, cada massa, cada detalhe deve ser concebido e disposto para exaltar o altar, conduzir a ele” (U, 84). Outro elemento indispensável no presbitério é um Crucifixo, que o Abade Suger chamava de “estandarte da salvação”.
As funções do coro e dos vitrais nas igrejas
Coro de igreja
O Concílio de Trento dispôs que o coro e os instrumentos ficassem na galeria acima do nártex. Não é desejável que músicos e coristas sejam visíveis. Eles devem ir à igreja como fiéis, e não como artistas. As “vozes desencarnadas” do coro evocam o canto dos anjos, proveniente de cima para baixo e ressoando de modo belo nas abóbadas da igreja.
Vitral da Catedral da Sé, SP.
Os vitrais ocupam um lugar especial na arquitetura eclesiástica. O Abade Suger, na Idade Média, chamou-os “janelas radiantes que iluminam as mentes dos homens de maneira que, por meio da luz, possam chegar à percepção da luz divina”. Ele dizia serem “sermões que tocavam o coração, através dos olhos, ao invés de entrar pelo ouvido” (U, 77). Toda outra forma artística no recinto sagrado, como pintura e escultura, está concebida para ser vista sob uma luz filtrada. O artista deve pintar com a luz de Deus, explica o Dr. Rose. Quando o sol se põe, através dos vitrais a luz projeta figuras multicolores no interior da igreja, criando uma sensação do além, uma faísca da beleza do Céu.
O contraste do modernismo: igrejas “sem-rosto”
Cristo Rei, Abindgon, Virgínia
A seguir, o autor fornece exemplos da revolução da arquitetura eclesiástica moderna em seu país, os EUA, e que apresenta casos análogos no Brasil.
A igreja moderna não pode ser localizada a olho nu nem pelo som dos sinos. Uma sinalização Church Parking (estacionamento da igreja) avisa que a estrutura ao lado é uma “casa de culto”, e o mapa confirma que é uma moderna igreja católica.
A fachada dessa igreja é sem-rosto. Não evangeliza, não ensina, não catequiza. Até se confunde com outros prédios da rua. A fachada é sem-rosto porque concebida para ser só uma “pele da ação litúrgica”, no linguajar da nova arquitetura. É uma estética agnóstica, que não reflete nem a tradição católica nem a História.
Santa Edwiges, Cracóvia
Arquitetos e consultores de projeto litúrgico — LDC, sigla do inglês Liturgical design consultant — de igrejas modernas evitam os símbolos católicos como o Crucifixo ou a cruz latina. No máximo, quando colocam a cruz, ela aparecerá como um signo a ser decifrado –– por exemplo, na estrutura metálica que sustenta a vidraça exterior.
Espaços interiores mudam, segundo o capricho da moda
São Leonardo, Ohio
A arquitetura moderna apresenta portas semelhantes às de um prédio público ou supermercado. Sandra Schweitzer, LDC na renovação da catedral dos SS. Pedro e Paulo, em Indianápolis, EUA, explicou: “Substituímos as portas pesadas, grossas, de metal, pelas portas de vidro que dizem ‘vocês são sempre bem-vindos aqui’” (U, 101). Essas portas inculcam a idéia de que o prédio não é sagrado, observa Rose.
Após essas portas, a igreja moderna inclui um espaço vasto e vazio. É um local de reunião após a Missa, bem iluminado e despojado. Se há algum objeto de devoção, situa-se num canto, junto a um bebedouro, às toaletes ou a um telefone público. Nesse espaço pode encontrar-se uma fonte batismal estilo banheira. [foto 18]
São João Vianney, Ohio
Nos anos 80, o progressismo exaltou o batismo de imersão. A forma preferida foi a sauna, conhecida pelo nome comercial Jacuzzi. Na verdade, como escreveu a consultora de desenho litúrgico Christine Reinhard, a pia batismal “desde o Vaticano II, tem girado um pouco por toda a igreja. De início, os litúrgicos julgavam fundamental que ela ficasse bem visível. Agora, o consenso é que a visibilidade é o menos importante…” (U, 105). Um muda-muda caprichoso e errático, próprio de uma religiosidade em contínua evolução rumo ao ignoto.
A partir dos anos 90, tornou-se moda incluir obras de arte temporárias de “símbolos universalmente reconhecíveis”, como o pagão e gnóstico yin-yang, quadros de “modelos contemporâneos”, de “testemunhas do batismo”, projeções ou encenações. Os personagens e os temas vão mudando sobre um fundo laicizante ou esquerdizante: Martin Luther King ou o teólogo contestatário Karl Rahner, por exemplo.
Interior decapitado, sem ponto monárquico
Michael Rose descreve o ambiente típico de uma igreja americana moderna. As cadeiras circundam o altar. Não há genuflexórios, e as poltronas convidam a cruzar as pernas, passar o braço por cima do espaldar do vizinho ou pôr os pés no respaldo da frente. As posturas informais calham bem com a atmosfera criada pela nova arquitetura. Não há espírito de oração nem reverência. Não há arte sacra. Há burburinho e bate-papo entre os fiéis. Uns procuram amigos e parentes com o olhar, e trocam “tchauzinhos”. Não há ponto monárquico. Não raro o altar está baixo demais para ser visível. O sacerdote, quando senta, desaparece. Se alguém está lendo, só se fica sabendo por causa das caixas de som.
A igreja moderna não é hierárquica: tudo é igual. Não há lugar sagrado. O presbitério não se distingue da nave. Esta foi decapitada. É mais um local de reunião. A igreja de Cristo Rei, em Las Vegas, é reconfigurada de tempos em tempos. Por vezes o altar está no centro, outras vezes junto a uma das paredes. As cadeiras, ora em torno do altar, ora dispostas em asas. Os paroquianos não sabem o que os espera a cada domingo.
O atril ou ambão (pequena tribuna em forma de plano inclinado, onde se colocam livros ou pautas para serem lidos) está em alguma parte perto da mesa. Cantores e músicos se exibem num local proeminente, em que possam aparecer destacadamente. Coro, pianista, guitarrista, violinista, baterista ficam olhando para a assembléia. O chamado “ministério da música” é mais perceptível que o do altar. E como o agradável e o comum são objetivos da nova arquitetura, a música também tem que ser prazenteira e popular. Os cânticos dos fiéis são abafados pelo sistema de som.
O altar não faz referência ao sacrifício, assemelha-se a uma mesa de jantar. Não há iconografia sacrifical, e poucas vezes um Crucifixo destacado. Na hora da comunhão, muitos leigos distribuem as hóstias; e se colocam em tantos lugares, que é difícil escolher de qual deles se aproximar.
Quando a Missa termina, os fiéis saem conversando, rindo. Em instantes o “espaço de culto” fica abandonado, folhetos cobrem as cadeiras e o chão fica como após o término de partida de beisebol. Domina a sensação de vazio.
Santuário de Marylake, Canadá
E o Santíssimo Sacramento? Nas últimas décadas, a tendência foi levá-lo para uma sala à parte. O tabernáculo do novo estilo pode assemelhar-se a uma gaiola de passarinhos ou até a um totem, como no convento agostiniano de Nossa Senhora das Graças, em Ontário, Canadá. Outros são cilíndricos ou cônicos, conhecidos como “torres do sacramento”. O ambiente em torno nada tem de sacral, acolhedor, nobre ou elevado, e não convida à adoração.
Igrejas deliberadamente não-igrejas
O que há na cabeça dos desenhistas desses “espaços de culto”? Rose reproduz axiomas de um maître-à-penser da arquitetura eclesiástica moderna, Edward Sövik. Este arquiteto luterano de Minnesota desenhou mais de 400 projetos para igrejas católicas e protestantes. Ele forjou o conceito de não-igreja, ou casa do povo: uma estrutura que poderia não ser uma igreja e onde o povo pode ter seu culto. Portanto, um recinto o mais descaracterizado possível, sem respeitabilidade nem beleza.
Para Sövik, “se o local é reservado para a liturgia, logo vai ser interpretado como ‘casa de Deus’, vai ser visto como um lugar santo, enquanto outros locais serão vistos como profanos ou seculares” (U, 157). A santidade e a sacralidade da ‘casa de Deus’ é o mal a ser evitado!
Pe. Richard Vosko
O padre católico Richard Vosko, LDC da nova catedral de Los Angeles, EUA, explicou à imprensa que não quis criar um lugar sagrado, mas uma “forma arquitetônica que possa acolher formas rituais de uma religião, seja ela judaica, católica, muçulmana, ou não seja nada” (U, 170). Portanto, válida para qualquer crença ou erro: para falsos deuses!
“Móveis e instrumentos simbólicos, pregou ainda Sövik, devem ser portáteis, variados, para serem trocados, mudados de lugar ou abandonados, na medida que o desejarem os paroquianos do futuro” (U, 157). Tudo deve ser perecível, banal, incapaz de transmitir tradições, tidas como um mal a evitar.
Vias para uma contra-revolução na arquitetura católica
Dr. Rose não fica na crítica. Ele propõe normas de ação positivas aplicadas em paróquias dos EUA. Lá, o desprezo pelas cafajestices arquitetônicas alimentou a tendência para que as igrejas voltem a ser como eram. Rose refere o caso da igreja de São Patrício em Forest City, Missouri. Ela foi modernizada por dentro com painéis de compensado. A Via Sacra, o velho altar, imagens e objetos sagrados desapareceram. Em 1999, o pároco, Pe. Joseph Hughes, iniciou a restauração. Objetos como a lâmpada do Santíssimo, o tabernáculo e os candelabros, piedosamente guardados pelos fiéis, foram reaproveitados.
Onde o altar principal foi poupado, diz Rose, deve-se reinstalar o Santíssimo Sacramento no tabernáculo, removendo as modernidades acrescentadas, elaboradas em geral com materiais de segunda classe e já caducos. Restaurado o ponto monárquico, não é difícil devolver a hierarquia, a sacralidade e a beleza à igreja.
No lugar em que os altares foram demolidos, a restauração poderá ser uma oportunidade para se desenhar e construir algo ainda mais rico e mais belo do que o original, segundo o autor. Assim ocorreu na catedral São Paulo, de Worcester, e em várias igrejas históricas na diocese de Victoria, Texas.
Nas igrejas novas, como a arquitetura moderna montou estruturas tipo “use e jogue fora”, Rose propõe aplicar esse princípio e jogar fora os acréscimos modernosos. A seguir, deve-se dar à igreja um senso hierárquico, definindo um presbitério, uma nave, elevando um altar-mor, corrigindo as assimetrias, expurgando os ares de auditório ou teatro.
No tocante às igrejas tão ousadas que nem adianta reformar, Rose lembra que foram feitas para durar pouco e servir para outras funções. Então, que se construam no mesmo lugar outras igrejas, fiéis à estética antiga.
Michael Rose menciona novos grupos de arquitetos formados em prestigiosas universidades, e que desenvolvem projetos inspirados nas obras-primas dos séculos de glória da Igreja e de acordo com as necessidades do século XXI. [fotos 21 e 22]
Mas isso não é tudo.
Formação da opinião católica, inclusive do clero
Vitral de Notre Dame de Paris
Para dar estabilidade à recuperação do patrimônio arquitetônico católico, é necessária uma campanha de formação do clero e dos fiéis. Como no caso do tratamento de alcoólatras, o primeiro passo é que eles admitam que andaram mal. Ou seja, admitam serem feias e antifuncionais, banais e incapazes de inspirar a religião, as igrejas novas pós-Vaticano II. O segundo passo consiste em identificar a causa do problema: as agendas teológicas que desejam mudar (desfigurar!) o rosto do catolicismo.
O terceiro passo é “remover o câncer”, ou seja, os LDCs devem deixar de interferir na hora de construir ou renovar as igrejas. Quarto: contratar arquitetos que tornem manifesta a fé no prédio da “casa de Deus”. Quinto: bispos, sacerdotes e leigos devem engajar-se na preservação e enriquecimento das igrejas com os melhores materiais razoavelmente disponíveis. Por fim: educar seminaristas, clérigos e leigos sobre o significado da igreja e sua íntima relação com a fé católica.
Dr. Rose conclui que os católicos do século XXI podem corrigir a calamitosa situação atual e impulsionar um renascimento da arquitetura sagrada, recuperar os tesouros do passado no seu esplendor original e erigir novas igrejas, belas, duráveis, verdadeiros vasos de significado para as gerações vindouras de fiéis.
O autor restringe-se a seu campo de arquiteto e faz um balanço substancioso de quase um século de Revolução Cultural na arquitetura religiosa.
Ele não aborda diretamente a crise que grassa na Igreja Católica. Neste contexto, a restauração para a qual ele acena merece encorajamento, compreendendo-se porém que, sem a penitência e sincera conversão pedida por Nossa Senhora em Fátima, não se recuperará a plenitude de sanidade e glória na Igreja.
Sem essa conversão profunda, o sadio movimento — auspiciado pelo talentoso arquiteto Michael Rose — poderá impor um retrocesso parcial à Revolução Cultural religiosa, mas à la longue poderá ser tragado pela voragem progressista. Pois o foco causador da revolução estética é o processo de autodemolição, denunciado por Paulo VI, em curso na Igreja. Sem que este cesse, nada de durável poderá realizar-se. Tal autodemolição seria fatal, caso não existisse a promessa infalível de Nosso Senhor, de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja.
E-mail do autor: luisdufaur@catolicismo.com.br
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Notas:
1. Michael S. Rose, Ugly as Sin — Why they changed our churches from sacred places to meeting spaces and how we can change them back again, Sophia Institute Press, Manchester, NH, 2001, 239 pp. (Citado no texto com a letra U).
2. Michael S. Rose, In Tiers of Glory: the Organic Development of Catholic Church Architecture Through the Ages, Mesa Folio Editions, 2004, 135 pp. (Citado com a letra T).
3. Nesse mosteiro acabou se suicidando o dominicano frei Tito de Alencar, religioso envolvido com a guerrilha no Brasil.
4. Origami: arte milenar japonesa, que consiste em dobrar papel a fim de formar objetos sem o auxílio de tesoura ou cola.