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São João Fisher, São Thomas More e a seita do anglicanismo

20 Quarta-feira Jun 2012

Posted by marcosmarinho33 in História da Igreja

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São João Fisher era Cardeal e Arcebispo de Rochester, foi tutor do príncipe Henrique, reitor da Universidade de Cambridge, e esteve presente no Concílio Lateranense V. Ele opôs-se ao plano do Rei Henrique que tencionava se divorciar da Rainha Catarina, do qual era confessor, lembrando-o do caráter indissolúvel do Matrimônio.

São Thomas More, por sua vez, era um leigo, Chanceler do Reino Inglês. Depois que o Arcebispo de York, Thomas Wolsey, falhou em conseguir a anulação do casamento de Henrique VIII, ele foi forçado a demitir-se para dar lugar a S. Thomas More na chancelaria. Este era íntimo do rei, mas aparentemente este ainda não tinha se apercebido da retidão de caráter de More. [¹] Mostrou-se eficiente, imparcial e justo em seu cargo.

Estes dois homens de grande erudição e participação política e religiosa na Inglaterra foram firmes em opor-se às tentativas do Rei de divorciar-se da Rainha, colocando que isto era matéria da jurisdição do Papa. A Rainha apelou para o Papa, e este disse que não concederia a anulação do matrimônio.

John Fisher (painting).jpg

São João Fisher

Em 1534, finalmente, o Rei respondeu com uma reação que teria trágicas consequências: separando-se da Igreja Católica, criou a nova Igreja da Inglaterra (Anglicana), e atribuiu-se a si mesmo a liderança desta, como Chefe Supremo da Igreja, ao invés do Papa. Obrigou todos os sacerdotes a um juramento ao abrigo de seu Ato de Supremacia. Embora tivesse sido duramente contra as heresias de Lutero, chegando a queimar os livros deste publicamente. Mas a luxúria e a ambição de ter filhos homens falaram mais alto que a sua fidelidade a Igreja.

Sir Thomas More foi convocado para fazer o juramento no dia 17 de abril de 1534, e, dada a sua recusa, foi preso na Torre de Londres junto com o Cardeal João Fisher. Note-se que São João Fisher foi feito cardeal pelo Papa durante o tempo que estava na prisão. Depois de julgados, foram condenados à pena capital por traição e desobediência. Desobedientes ao rei mas obedientes e fiéis a Deus, morreram como mártires, mortes que eram apenas o começo de muitas outras que aconteceriam na Inglaterra por causa da luta dos monarcas em estabelecer ali sua nova heresia do anglicanismo.

Henrique VIII, provavelmente, nunca mais foi feliz. Nem poderia. No total, casou-se 6 vezes, um fracasso após o outro. Henrique herdou uma grande fortuna, mas não foi cuidadoso com seu dinheiro. Depois de diversas manobras para obter dinheiro, incluindo tomar posse de terras monásticas e desvalorizar a moeda, ainda assim morreu endividado. Nos últimos anos de sua vida, tornou-se grosseiramente obeso, mal podendo se locomover. Tinha muitas dores, suportando furúnculos e possivelmente sofria de gota. Sua obesidade foi consequência de um ferimento na perna, que depois tornou-se uma úlcera. Ele morreu após alegadamente proferir as palavras: “Monges! Monges! Monges!”

Henrique VIII em 1542

Há quem diga que a “emancipação” da Igreja feita por Henrique VIII ainda não a havia tornado verdadeiramente protestante, já que continuou “católica quanto à doutrina”. Disso terei que discordar, pois colocar o Rei no lugar do Papa é erro grave. Mas ainda assim, continuaram semelhante nos artigos de fé, até que veio a Rainha Elisabeth I (que os filmes idolatram, mas que não foi nada clemente com os católicos), e aí sim a Igreja Anglicana tornou-se um híbrido de catolicismo com protestantismo, característica que mantém até hoje. Como diz meu pároco, Pe. Ulysses, “a casca é católica, mas o interior é protestante.” Daí uma dificuldade em discernir a primeira vista uma Igreja Anglicana, mas é algo que não demora muito.

Como não poderia deixar de ser, ao exemplo das suas irmãs protestantes, a Comunhão Anglicana, na segunda metade do séc. XX, viu surgirem várias denominações independentes, devido a divergências teológicas ou pastorais. Atualmente, está passando por uma grande crise interna, em que o sentido de unidade, de comunhão está sendo questionado, por fatos que ocorreram no século XX: a ordenação feminina, e no XXI, a sagração de um bispo homossexual assumido, pela Igreja dos Estados Unidos, e a bênção matrimonial de casais do mesmo sexo, por uma diocese canadense. Sem falar que o celibato já ficou pra trás há muito tempo. É uma grave crise que opõe liberais e conservadores que os assola. Afinal, o que se poderia esperar de uma Igreja que não segue a uma Tradição firme e imutável de dois mil anos, mas aos gostos e caprichos de um Rei e um Livro de Orações de alguns séculos atrás, a uma seleta de Credos? Que surgiu por motivações não religiosas, mas deveras políticas?

Abadia de Westminster, antiga igreja católica tomada pelos anglicanos. É onde se realizam as coroações reais.

Quando Maximin, vidente de La Sallete, redigiu o Segredo que lhe confiou Nossa Senhora em 1851, escreveu: “um grande país no norte da Europa, hoje protestante, se converterá. Pelo apoio deste nação, todos os outros países se converterão”. Maximin registrou que este país seria a Inglaterra. Em 2009, o Papa Bento XVI publicou a Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, sobre a instituição de ordinariados pessoais para os anglicanos que convertem-se de volta para a Igreja Católica, se aprestando a receber grandes blocos de anglicanos. As conversões tem acontecido em grande escala. De acordo com o influente diário de Londres “The Times”, no fim do processo a igreja anglicana poderia ficar reduzida a uma insignificância residual.

Daí se entende por que a visita do Papa a Inglaterra em 2010 foi histórica: pela primeira vez em 476 anos, um Papa foi convidado pela monarquia britânica para uma viagem de Estado. Na ocasião excepcional, o Papa foi quem presidiu a cerimônia de beatificação do Cardeal Newman, que converteu-se do anglicanismo para o catolicismo e dizia: “Liberdade de consciência não equivale a ter direito a prescindir da consciência, a ignorar o legislador e juiz, a ser independente de obrigações invisíveis”. A visita não deixou de causar um mal-estar entre os anglicanos, talvez pelos fortes significados que trazia a ocasião.

Cardeal Newman

Por isso, que todos rezemos fervorosamente, pedindo que pela intercessão de São João Fisher e São Thomas More e confiantes em Nossa Senhora de La Salette, a Inglaterra possa retornar a Fé Católica, como foi revelado por Deus a São Domingos Sávio:

“Certa manhã, durante minha ação de graças após a comunhão, voltei a ter uma distração (êxtase), que me pareceu estranha; eu julguei ver uma grande parte de um país envolvida em grossas brumas, e estava cheia com uma multidão de pessoas. Estavam se movendo, mas como homens que, tendo perdido seu caminho, não estavam certos onde pisavam. Alguém próximo disse: ‘Esta é a Inglaterra.’ Eu estava para fazer algumas perguntas a respeito disso quando vi Sua Santidade Pio IX, representado da mesma maneira que vi nas figuras. Ele estava majestosamente vestido, e carregava uma tocha brilhante com a qual ele se aproximou da multidão, como que para iluminar sua escuridão. À medida que se aproximava, a luz da tocha parecia dispersar a névoa, e as pessoas foram trazidas à plena luz do dia. “Esta tocha,” disse meu informante, “é a religião Católica que está para iluminar a Inglaterra”.

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“Porquê me converti ao catolicismo”

12 Segunda-feira Mar 2012

Posted by marcosmarinho33 in Da Santa Igreja

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agnosticismo, bernard, catolicismo, chesterton, conversão, escritor, inglaterra, pensador, relativismo, roma, seculo, shaw, verdade, xxi

Embora eu seja católico há apenas alguns anos, sei que o problema “por quê sou católico” é muito diferente do problema “por quê me converti ao catolicismo”. Tantas coisas motivaram minha conversão e tantas outras continuam surgindo depois… Todas elas se colocam em evidência apenas quando a primeira nos dá o empurrão que conduz à conversão mesma. Todas são também tão numerosas e tão diferentes umas das outras, que, no final das contas, o motivo originário e primordial pode chegar a parecer quase insignificante e secundário. A “confirmação” da fé, vale dizer, seu fortalecimento e afirmação, pode vir, tanto no sentido real como no sentido ritual, depois da conversão. 

O convertido não costuma recordar mais tarde de que modo aquelas razões se sucediam umas após as outras. Pois breve, muito breve, este sem número de motivos chega a se fundir em uma só e única razão. Existe entre os homens uma curiosa espécie de agnósticos, ávidos esquadrinhadores da arte, que averiguam com sumo cuidado tudo o que em uma catedral é antigo e tudo o que nela é novo. Os católicos, ao contrário, outorgam mais importância ao fato de se a catedral foi construída para voltar a servir como o que é, quer dizer, como catedral. Uma catedral! A ela se parece todo o edifício de minha fé; desta minha fé que é grande demais para uma descrição detalhada; e da que, com grande esforço, posso determinar as idades de suas diversas pedras.Apesar de tudo, estou seguro de que a primeira coisa que me atraiu ao catolicismo, era algo que, no fundo, deveria ter me afastado dele. Estou convencido de que vários católicos devem seus primeiros passos à Roma à amabilidade do defunto senhor Kensit. O senhor Kensit, um pequeno livreiro da City, conhecido como protestante fanático, organizou em 1898 um bando que, sistematicamente, assaltava as igrejas ritualistas e perturbava seriamente os ofícios. O senhor Kensit morreu em 1902 por causa das feridas recebidas em um desses assaltos. Logo a opinião pública se voltou contra ele, classificando como “Kensitite Press” os piores panfletos anti-religiosos publicados na Inglaterra contra Roma, panfletos carentes de todo são juízo e de toda boa vontade. Lembro especialmente agora estes dois casos: alguns autores sérios lançavam graves acusações contra o catolicismo, e, curiosamente, o que eles condenavam me pareceu algo precioso e desejável. No primeiro caso —acredito que se tratava de Horton e Hocking— mencionavam com estremecido pavor, uma terrível blasfêmia sobre a Santíssima Virgem de um místico católico que escrevia: “Todas as criaturas devem tudo a Deus; ma a Ela, até mesmo Deus deve algum agradecimento”. Isto me sobressaltou como um som de trombeta e me disse quase em voz alta: “Que maravilhosamente dito!” Parecia com se o inimaginável fato da Encarnação pudesse com dificuldade encontrar expressão melhor e mais clara que a sugerida por aquele místico, sempre que soubesse entendê-la.

No segundo caso, alguém do jornal “Daily News” (então eu mesmo ainda era alguém do “Daily News”), como exemplo típico do “formulismo morto” dos ofícios católicos, citou o seguinte: um bispo francês havia se dirigido a alguns soldados e operários cujo cansaço físico lhes tornava dura assistência na Missa, dizendo-lhes que Deus se contentaria apenas com sua presença, e que lhes perdoaria sem dúvida seu cansaço e sua distração. Então eu disse outra vez a mim mesmo: “Que sensata é essa gente! Se alguém corresse dez léguas por mim, eu estaria muito agradecido, também, que dormisse em seguida em minha presença”. Junto com estes dos exemplos, poderia citar ainda muitos outros procedentes daquela primeira época em que os incertos indícios de minha fé católica se nutriram quase com exclusividade publicações anti-católicas.

Tenho uma clara lembrança do que veio em seguida a estes indícios. É algo do qual me dou tanto mais conta quanto mais desejaria que não tivesse ocorrido. Comecei a marchar para o catolicismo muito antes de conhecer àquelas duas pessoas excelentíssimas a quem, a este respeito, devo e agradeço tanto: ao reverendo Padre John O’Connor de Bradford e ao senhor Hilaire Belloc; mas o fiz sob a influência de meu acostumado liberalismo político; o fiz até na toca do “Daily News”. Este primeiro empurrão, depois de dever-se a Deus, deve-se à história e à atitude do povo irlandês, apesar de que não haja em mim uma só gota de sangue irlandês. Estive apenas duas vezes na Irlanda e não tenho nem interesses ali nem sei grande coisa do país. Mas isso não me impediu de reconhecer que a união existente entre os diferentes partidos da Irlanda deve-se no fundo a uma realidade religiosa, e que é por esta realidade que todo meu interesse se concentrava nesse aspecto da política liberal. Fui descobrindo cada vez com maior nitidez, conhecendo pela história e por minhas próprias experiências, como, durante longo tempo se perseguiu por motivos inexplicáveis a um povo cristão, e continua odiando-lhe. Reconheci então que não podia ser de outra maneira, porque esses cristãos eram profundos e incômodos como aqueles que Nero jogou aos leões.

Creio que estas minhas revelações pessoais evidenciam com claridade a razão de meu catolicismo, razão que logo foi se fortificando. Poderia acrescentar agora como continuei reconhecendo depois, que a todos os grandes impérios, uma vez que se afastavam de Roma, passava-lhes exatamente o mesmo que a todos aqueles seres que desprezavam as leis ou a natureza: tinham um leve êxito momentâneo, mas logo experimentavam a sensação de estar enlaçados por um nó, em uma situação da qual eles mesmos não podiam se libertar. Na Prússia há tão pouca perspectiva para o prussianismo, como em Manchester para o individualismo manchesteriano.

Todo mundo sabe que a um velho povoado agrário, arraigado na fé e nas tradições de seus antepassados, espera-lhe um futuro maior ou pelo menos mais simples e mais direto ou pelo menos mais simples e mais direto que aos povos que não têm por base a tradição e a fé. Se este conceito se aplicasse a uma autobiografia, seria muito mais fácil escrevê-la do que se fosse esquadrinhar suas diversas evoluções, mas o sistema seria egoísta. Eu prefiro escolher outro método para explicar breve, mas completamente o conteúdo essencial de minha convicção: não é por falta de material que atuo assim, mas pela dificuldade e escolher o mais apropriado entre todo esse material numeroso. Entretanto tratarei de insinuar um ou dois pontos que me causaram uma especial impressão. Há no mundo milhares de modos de misticismo capazes de enlouquecer o homem. Mas há uma só maneira entre todas de colocar o homem em um estado normal. É certo que a humanidade jamais pôde viver um longo tempo sem misticismo.Até os primeiros sons agudos da voz gelada de Voltaire encontraram eco em Cagliostro. Agora a superstição e a credulidade voltaram a expandir-se com tanta vertiginosa rapidez, que dentro de pouco o católico e o agnóstico se encontrarão lado a lado. Os católicos serão os únicos que, com razão, poderão chamar-se racionalistas. O próprio culto idolátrico pelo mistério começou com a decadência da Roma pagã apesar dos “intermezzos” de um Lucrécio ou de um Lucano. Não é natural ser materialista e tampouco sê-lo dá uma impressão de naturalidade. Tampouco é natural contentar-se unicamente com a natureza. O homem, pelo contrário, é místico. Nascido como místico, morre também como místico, principalmente se em vida foi um agnóstico. Enquanto que todas as sociedades humanas consideram a inclinação ao misticismo como algo extraordinário, tenho eu que objetar, entretanto, que uma só sociedade entre elas, o catolicismo, leva em conta as coisas cotidianas. Todas as outras as deixam de lado e as menosprezam.

Um célebre autor publicou mais uma vez uma novela sobre a contraposição que existe entre o convento e a família (The Cloister and the hearth). Naquele tempo, há 50 anos, era realmente possível na Inglaterra imaginar uma contradição entre essas duas coisas. Hoje em dia, a assim chamada contradição, chega a ser quase um estreito parentesco. Aqueles que em outro tempo exigiam a gritos a anulação dos conventos, destroem hoje sem dissimulação a família. Este é um dos tantos fatos que testemunham a seguinte verdade: que na religião católica, os votos e as profissões mais altas e “menos razoáveis” —por assim dizer— são, entretanto, os que protegem as melhores coisas da vida diária. Muitos sinais místicos sacudiram o mundo. Mas uma só revolução mística o conservou: o santo está ao lado do superior, é o melhor amigo do bom. Toda outra aparente revelação se desvia por fim a uma ou outra filosofia indigna da humanidade; a simplificações destrutoras; ao pessimismo, ao otimismo, ao fatalismo, à nada e outra vez ao nada; ao “nonsense”, à insensatez.

É certo que todas as religiões contêm algo bom. Mas o bom, a quinta essência do bom, a humildade, o amor e o fervoroso agradecimento “realmente existente” para com Deus, não se encontram entre elas. Por mais que as penetremos, por mais respeito que lhes demonstremos, com maior claridade ainda reconhecemos também isto: nos mais profundo delas há algo diferente do puramente bom; há às vezes dúvidas metafísicas sobre a matéria, às vezes havia nelas a voz forte da natureza; outras, e isto no melhor dos casos, existe um medo da Lei e do Senhor. Se exageramos tudo isto, nasce nas religiões uma deformação que chega até o diabolismo. Só podem ser suportadas enquanto se mantiver razoáveis e medidas. Enquanto estiverem tranqüilas, podem chegar a ser estimadas, como aconteceu com o protestantismo vitoriano. Pelo contrário, a mais alta exaltação pela Santíssima Virgem ou a mais estranha imitação de São Francisco de Assis, seguiriam sendo, em sua quinta-essência, uma coisa sadia e sólida. Ninguém negará por isso seu humanismo, nem desprezará a seu próximo. O que é bom, jamais poderá chegar a ser Bom DEMAIS. Esta é uma das características do catolicismo que me parece singular e ao mesmo tempo universal. Esta outra a segue: Somente a Igreja Católica pode salvar o homem da destrutiva e humilhante escravidão de ser filho de seu tempo.

Outro dia, Bernard Shaw expressou o nostálgico desejo de que todos os homens vivessem trezentos anos em civilizações mais felizes. Tal frase nos demonstra como os santarrões só desejavam —como eles mesmos dizem- reformas práticas e objetivas. Agora bem: isto se diz com facilidade; mas estou absolutamente convencido do seguinte: se Bernard Shaw tivesse vivido durante os últimos trezentos anos, teria se convertido há muito tempo ao catolicismo. Teria compreendido que o mundo gira sempre com a mesma órbita e que pouco se pode confiar em seu assim chamado progresso. Teria visto também como a Igreja foi sacrificada por uma superstição bíblica, e a Bíblia por uma superstição darwinista. E um dos primeiros a combater estes feitos tivesse sido ele. Seja como for, Bernard Shaw desejava para cada um uma experiência de trezentos anos. E os católicos, muito ao contrário de todos os outros homens, têm uma experiência de dezenove séculos. Uma pessoa que se converte ao catolicismo, chega, pois, a ter de repente dois mil anos. Isto significa, se o presenciamos ainda mais, que uma pessoa, ao se converter, cresce e se eleva ao pleno humanismo. Julga as coisas do modo como elas comovem a humanidade, e a todos os países e em todos os tempos; e não somente segundo as últimas notícias dos diários. Se um homem moderno diz que sua religião é o espiritualismo ou o socialismo, esse homem vive integramente no mundo mais moderno possível, quer dizer, no mundo dos partidos. O socialismo é a reação contra o capitalismo, contra a insana acumulação de riquezas na própria nação. Sua política seria de todo diversa se fosse vivida em Esparta ou no Tibet. O espiritualismo não atrairia tampouco a atenção se não estivesse em contradição deslumbrante com o material estendido em todas as partes. Tampouco teria tanto poder se os valores sobrenaturais fossem mais reconhecidos. Jamais a superstição tem revolucionado tanto o mundo como agora. Só depois que toda uma geração declarou dogmaticamente e de uma vez por todas, a IMPOSSIBILIDADE de que haja espíritos, a mesma geração deixou-se assustar por um pobre, pequeno espírito. Estas superstições são invenções de seu tempo —poderia se dizer em sua desculpa—. Já faz muito, entretanto, que a Igreja Católica tenha aprovado não ser ela uma invenção de seu tempo: é a obra de seu Criador, e continua sendo capaz de viver o mesmo em sua velhice como em sua primeira juventude: e seus inimigos, no mais profundo de suas almas, perderam já a esperança de vê-la morrer algum dia.

G. K. Chesterton

Fonte: http://regisaeculorumimmortali.wordpress.com/2012/03/12/porque-me-converti-ao-catolicismo/#comment-602

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“A mão da Igreja é doce também quando golpeia, pois é a mão de uma mãe.” S. Pio de Pietrelcina

"A mão da Igreja é doce também quando golpeia, pois é a mão de uma mãe." S. Pio de Pietrelcina

‎”Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica. Um me distingue, o outro me evidencia. É por este sobrenome que nosso povo é diferenciado dos que são chamados heréticos.” São Paciano de Barcelona

‎”Foi Sempre privilégio da Igreja, Vencer quando é ferida, Progredir quando é abandonada, e Crescer em ciência quando é atacada.” (Santo Hilario de Potiers, Dr. da Igreja).

‎"Foi Sempre privilégio da Igreja, Vencer quando é ferida, Progredir quando é abandonada, e Crescer em ciência quando é atacada." (Santo Hilario de Potiers, Dr. da Igreja).

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