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Guto e Pedro costumavam ser dois moleques levados. Jamais obedeciam o pai. Este porém, os educava de uma forma muito liberal. Nada de moralismo ou opiniões antiquadas. Era um pai moderno. Os dois irmãos só respeitavam com firmeza os pedidos do avô, Seu Bento.
A família dos meninos morava em uma região habitada por muitos lobos. Mas não eram lobos comuns. Além de ferozes, eles tinham traços dos pecados humanos, eram trapaceiros e manipuladores. O prato principal desses animais: crianças.
A pedido do avô, Guto e Pedro jamais brincavam próximos às florestas. Todas as vezes em que eles iam visitar seu Bento, o humilde senhor lhes contava as histórias antigas sobre como os lobos faziam para seduzir as crianças e devorá-las. Sempre muito atentos, os dois nunca ousavam questionar a veracidade daquelas histórias. Confiavam no avô.
Todavia, seu Batista, pai dos garotos, não gostava nenhum um pouco das histórias que seu Bento contava aos meninos. Achava aquilo ridículo. Fruto da imaginação de um velho retrógrado e preconceituoso. Para Batista, os lobos eram animais mal compreendidos. Precisavam apenas de carinho e amor.
Cansado de ver os filhos tão reprimidos por causa do que o avô lhes contava, seu Batista disse: “parem de bobagens, meus filhos, não podemos ser preconceituosos. Temos que ensinar o amor. Os lobos são criaturas bondosas, não há porquê vocês não brincarem nas florestas”.
Porém, ao perceber que Guto e Pedro continuavam a brincar longe dos limites das florestas, seu Batista os proibiu de visitar o avô.
Longe dos conselhos de seu Bento, Guto e Pedro começaram a ceder aos pedidos do pai. A cada dia eles avançavam um passo adentro da floresta. Até que então, chegaram a brincar dentro dela.
Certa tarde, enquanto corriam pelos bosques, ambos deram de cara com um enorme lobo. A princípio, ficaram assustados devido às enormes garras e dentes do bicho. Todavia, astuto como deveria ser, o lobo logo mostrou-lhes um desenho. Era a casa dos dois pequenos irmãos. Dela, saía um enorme feixe de luz que ascendia ao céu. O lobo disse-lhes então que aquilo representava a amizade entre os homens e os lobos. Após um longo diálogo, os meninos se despediram e voltaram para casa.
Ao chegar, contaram ao pai: “conhecemos um lobo, ele é muito legal”. O pai, seu Batista, todo satisfeito logo disparou: “tá vendo como aquelas histórias de seu avô eram bobagens? Se os lobos fizeram algo de ruim no passado era por causa da opressão e da intolerância que eles sofriam. Hoje não, hoje é tudo paz e amor”.
Após festejarem o fato, seu Batista pediu aos meninos que convidassem o lobo para tomar um café. Pedido feito, pedido aceito. Naquela mesma tarde o lobo os encontraria para o café.
Por volta das 21 horas, toca a companhia. Era o convidado. Pratos na mesa, o jantar estava servido. Conversas, risadas, trocas de elogios. Seu Batista sai da mesa e vai ao quarto pegar um presente que comprara para o ilustre novo amigo de seus filhos.
Neste instante, enquanto seu Batista procura o presente do animal, o lobo levanta-se em fúria e parte pra cima dos garotos. Não sobra-lhes tempo para reagir, acabam ambos devorados. Nas mãos e na boca do lobo, as marcas do crime: sangue!
Seu Batista, ao se deparar com aquela cena, grita desesperado: mas o que você fez? O lobo olha pra ele, olha pra suas mãos, chora e diz: “Eu sou vítima da sociedade opressora. Eu não queria fazer isso, fui obrigado. Eu apenas quero amar. Não é o que você ensina? Por que então você está condenando o meu amor?
Seu Batista, comovido com as palavras do lobo, abraça-o, começa a chorar e diz: “Meu filho, perdoe-me. Eu não queria fazer isso. Eu te amo e eu também só quero amar”. Os dois olham um nos olhos do outro, abraçam-se novamente e caminham rumo à floresta para selar a paz entre lobos e homens e a construção de uma nova era.
Obs: este texto é pura ficção. Qualquer semelhança é mera coincidência
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