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“Senhor, amo a beleza de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória”. (Sl 25,8)

“Hic domus Dei est, et porta caeli”.(Gn 28,17)
Caríssimos,
Salve Maria!
Há algum tempo atrás publiquei o artigo Brasília uma cidade praticamente “pós-conciliar”, onde foi abordada a arquitetura dos principais templos Católicos da cidade. No artigo foi mostrado que os templos que aqui foram construídos tem sua arquitetura mais parecida com templos pagãos do que com a de uma Igreja Católica.
Pois, bem resgato o assunto para abordar a respeito de uma das Igrejas que cito no artigo, a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, esta está em processo de reforma que já foi quase concluída. E o responsável pela decoração (pinturas) o artista Francisco Galeno, simplesmente resolveu pintar uma imagem da Santíssima Virgem Maria soltando pipa.
Da para acreditar? Segundo o artista a intenção é aproximar a imagem das crianças, já que foi para crianças que a Virgem apareceu.
Na nova pintura, a santa no centro do altar é Nossa Senhora de Fátima sem rosto. Ela tem uma pipa no lugar das mãos. O rosário é um carretel de linha. A coroa é decorada com flores.
Alguns fiéis que não gostaram nada da idéia se reuniram e fizeram um abaixo-assinado, mas como não houve muita divulgação do caso, reuniram apenas 68 assinaturas que parece não ter surtido efeito.Diante desse caso me pergunto:
Como não comparar a arquitetura atual com a “antiga” e condenar a modernidade?
Ora, quanta saudade dos tempos em que víamos o esforço conjunto dos arquitetos e dos decoradores de nossas igrejas. Vendo a estes cobrirem as paredes com mosaicos e pinturas, ou criar seus admiráveis vitrais, não se pode evocar menos que uma passagem do Apocalipse que forma a quinta antífona das Vésperas da Dedicação: Lapides pretios omnes muri tui, Ierusalem (Ap 21,19), esta Jerusalém descida do céu, que o próprio São João viu (Ap 21,2), como o recorda o capítulo das Vésperas”.(Mons. Klaus Gamber, “A missa de frente para Deus, p.22)
Será possível hoje que as Igrejas sejam construídas devidamente orientadas e ornamentadas?
A abside orientada evoca o céu. Será reservada obrigatoriamente para uma imaginária celestial. Isto é válido não só para as igrejas do Oriente, mas para as absides de nossas igrejas românicas. O sacerdote, ao celebrar no altar, verá, se levantar os olhos, alguma representação simbólica da glória celestial, alguma evocação teofânica em relação com a Escritura. Celebrará verdadeiramente de frente para Deus. Quem não sente que tal disposição convém admiravelmente a tantos textos do Ofertório e do Cânon? (Mons. Klaus Gamber, “A missa de frente para Deus, p.23)
Vejam na descrição acima como é maravilhosa uma Igreja verdadeiramente ornamentada, onde os ícones mostram o esplendor da tradição e nos remete a Jerusalém celeste com toda a sua glória, levando-nos assim ao Pai.
Mas, infelizmente as novas edificações não buscam mais essa tradição, que se perdeu no Ocidente, mas ainda permanece no Oriente. O grande Liturgista Mons. Klaus Gamber em seu livro “Voltados para o senhor” descreve a situação das Igrejas que são construídas nesses tempos:
Não obstante, essas Igrejas não são casas de Deus em sentido próprio, não são um espaço sagrado, um templo do Senhor aonde seja agradável ir para adorar a Deus e lhe expressar nossas ecessidades. São salas de reunião aonde não se vai fora dos momentos dos ofícios. Assim como brincam com os “silos/depósitos de habitações” ou os “armazéns para humanos”, como são os edifícios dos bairros de periferia, a estas igrejas, em linguagem popular, às vezes se chama “silos/depósitos de almas” ou “armazéns do pater noster”. (…)”Os novos edifícios se converteram assim em símbolos de nossos tempos, e igualmente em sinal da decomposição das normas existentes e em imagem de tudo o que é caótico no universo contemporâneo Todavia, um lugar dedicado ao culto tem suas próprias leis, que não se submetem nem à moda nem às mudanças dos tempos. Como no Templo de Jerusalém, Deus habita nele de forma particular. E é aqui que se rende culto a Deus. (Mons. Klaus Gamber, “Voltados para o senhor” p.7)
De fato os novos edifícios são uma perfeita representação da decadência social e teológica da sociedade. Antes as Igrejas eram construídas de acordo com a tradição e sempre buscando o esplendor do Catolicismo, mesmo nas regiões mais pobres. Mas, hoje a Igreja deixou de ser o centro da sociedade, e pior para muitos se tornou um mero local de reunião.
Agora os arquitetos constroem sem a mínima preocupação de como deve ser uma Igreja Católica, aliás, muitos nem tem conhecimento da arte sacra. Um ótimo exemplo são as Igrejas de Brasília, onde a visão de um arquiteto ateu e marxista foi “passada para a pedra” dos templos por ele planejados, o que faz com que a arquitetura das Igrejas brasilienses seja no mínimo estranha, onde vemos Igrejas no formato piramidal e uma catedral que em nada parece com um templo Católico.
Será que voltaremos a ter o prazer de ver edificações Católicas sendo construídas devidamente orientadas e ornamentadas? Será que voltaremos a ter Igrejas que apenas sua arquitetura já nos remete a oração? Será que voltaremos a ter Igreja que para se chegar ao altar é necessário subir vários degraus como uma escalada aos céus?
A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus.” A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis. (CIC I.1.1 Contemplação do ícone §1162)
Será que ao invés de uma virgem sem face soltando pipa poderemos ver uma iconografia conforme expressa o catecismo?
Ficam as perguntas e o desejo de ver Igrejas que parecem Igrejas!
Por Jefferson Nóbrega
Pax et bonvs.
[Este artigo foi tirado do blog IN PRAELIO! e, como brasiliense, concordo com tudo o que nele foi dito]