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A humanidade contaminada pelos “erros da Rússia” aguarda o terrível castigo
Autor: Benoît Bemelmans
A mensagem de Fátima é coisa do passado, ou concerne ao nosso futuro? O que vem nos dizer a terceira parte da mensagem, recentemente revelada? Os“erros da Rússia”, ou seja, o comunismo, deixaram de ser uma ameaça após a queda da URSS? Dos erros que em 1917 eram propugnados apenas pelo comunismo, hoje a maior parte deles é adotada pelo conjunto dos principais partidos políticos do mundo inteiro. A mensagem da Virgem de Fátima é a chave para entender o século XX, nossos dias e os dias que estão chegando.

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Alguém cético ou pouco informado poderia perguntar:

– Qual é o interesse da mensagem de Fátima, para a humanidade contemporânea? Sobretudo hoje, após a revelação da terceira parte do segredo, teria ainda atualidade essa mensagem e o que ela pode nos dizer?

Na realidade, a mensagem de Nossa Senhora transmitida em Fátima é a chave para entender não só o século XX, mas também os dias que estamos vivendo e aqueles que estão por vir.

A humanidade pecadora não se emendou

Os três videntes, logo após a visão do inferno

A Mãe de Deus falou a três pastorinhos – Lúcia, Jacinta e Francisco (estes dois últimos beatificados a 13 de maio de 2000) – e, através deles, ao mundo inteiro. Ela os encarregou essencialmente de comunicar à humanidade sua profunda aflição diante da impiedade e da corrupção dos homens. Caso estes não se emendassem, acrescentou a Santíssima Virgem, sobreviria um castigo terrível.

O século XX chegado a seu fim, é forçoso reconhecer que a humanidade pecadora não se emendou. Ao contrario, está mergulhada numa tremenda crise de múltiplos aspectos: moral, familiar, social, religiosa… Para o mundo sair da crise, Nossa Senhora apresentou muito claramente uma alternativa: a conversão ou o castigo.

O inferno é o castigo supremo apontado por Nossa Senhora para os pecadores que não se arrependem

O inferno – iluminura das Très riches heures du Duc de Berry, séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França)

Primeiramente, na aparição de 13 de julho de 1917, Ela falou do castigo na outra vida, castigo eterno, supremo, definitivo: a condenação ao inferno dos pecadores que morrem sem se arrepender. A Mãe de Deus não hesitou em mostrar o inferno aos três videntes, que tinham então dez, nove e sete anos… Este aspecto da mensagem de Fátima constitui o “primeiro segredo” ou, mais exatamente, a primeira parte de uma só e mesma mensagem.

A segunda parte – ou “segundo segredo” – concerne à humanidade ainda nesta vida, colocando-a diante de uma grande alternativa: se os homens “não deixassem de ofender a Deus”, Este “vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre”. A guerra é portanto apresentada como um castigo por causa dos pecados dos homens. A menos que se convertam. E Nossa Senhora acrescenta: “Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”.

Maria Santíssima contudo vai ser ainda mais precisa quanto ao castigo que anuncia. Com efeito, a Rússia é apontada como o instrumento dessas guerras: [A Rússia] “espalhará seus erros pelo mundo, propagando guerras e perseguições contra a Igreja”.

Os “erros da Rússia”: extirpar das almas toda forma de religião transcendente e implantar uma verdadeira anti-religião

Se os malefícios do comunismo são os erros que a Rússia espalha pelo mundo, como entender essa profecia após o desmoronamento da URSS?

O programa dos bolcheviques em 1917 colocava em prática doutrinas igualitárias nascidas e desenvolvidas na Europa ocidental, particularmente na França. Tais doutrinas surgiram por ocasião da “conspiração dos iguais”, no auge da Revolução Francesa. Elas vieram a constituir um sistema acabado com o “Manifesto” comunista de 1848, e inspiraram a “Comuna de Paris” de 1871, com seu sinistro cortejo de sacerdotes martirizados, igrejas profanadas, palácios queimados, crimes e blasfêmias perpetrados em nome da utopia igualitária.

Marx e Engels, teóricos do comunismo; Lenin, que implantou o comunismo na Rússia. Os “erros da Rússia” apontados por Nossa Senhora em 1917, atingiram o núcleo da vida social e religiosa do Ocidente

Em 13 de julho de 1917 – dia da solene advertência de Nossa Senhora a respeito dos “erros da Rússia” – os próprios bolcheviques, em sua maioria, não acreditavam ser possível que essa doutrina pudesse assumir imediatamente a direção da Rússia. Lênin acabava de voltar ao país graças a poderosos apoios ocidentais e o chefe do governo provisório, o Príncipe Lvov, tranqüilizava a população afirmando que o antigo Império dos czares iria fundir-se numa “democracia universal”.

A realização da profecia de Nossa Senhora

Entretanto, contra toda verossimilhança, a 7 de novembro algumas centenas de militantes comunistas, reforçados por desertores e aventureiros, tomaram de assalto o poder e erigiram a impiedade e o crime brutal em sistema de governo. Imediatamente, o partido bolchevique começou a espalhar “seus erros” pelo mundo inteiro, confirmando assim as palavras da Virgem Santíssima.

Até então, nunca se tinha visto um governo estável propor um tal conjunto de aberrações:  a instauração do igualitarismo mais completo e a supressão da propriedade privada, o divórcio e o amor livre, o aborto e a contracepção, os “direitos” dos homossexuais, a  “libertação” da mulher, a eutanásia, a omnipresença do Estado ou totalitarismo, a hiperplanificação tecnocrática da vida. Tudo isso tendo por objetivo final extirpar das almas toda forma de religião transcendente e implantar uma verdadeira anti-religião: a do materialismo e do relativismo…

A Rússia foi um gigantesco aerossol, hoje aparentemente vazio, mas que contaminou o mundo

Durante quase um século, a Rússia propagou pelo mundo, qual gigantesco vaporizador, os erros por ela adotados, até à última partícula. Hoje pode parecer que o aerossol está vazio, mas o mundo está contaminado… Cumpriu-se portanto a profecia de Nossa Senhora: a maior parte dos erros que em 1917 eram propugnados apenas pelos comunistas, hoje é adotada pelo conjunto dos principais partidos políticos do mundo inteiro. Nas instâncias internacionais, esses erros são até considerados como norma a seguir. São os “erros da Rússia” que se espalharam pelo mundo inteiro. E até mesmo – oh dor! – atingiram profundamente importantes setores da Igreja Católica (*). O que recorda as célebres palavras de Paulo VI sobre o “processo de autodemolição”, e a “fumaça de Satanás no Templo de Deus”. 

Hoje os “erros da Rússia” atingiram o núcleo da vida social e religiosa do Ocidente

Como não ver que esse conjunto de erros chamado comunismo, longe de ter desaparecido, embebeu profundamente o Ocidente, sem que seja preciso mais, para tanto, recorrer aos blindados soviéticos? Com a mais avançada forma de revolução – por vezes chamada de contra-cultura ou revolução cultural – ele destrói sistematicamente a tradição cristã, base de nossa civilização; dirige uma guerra aberta contra a moral, arruinando até os fundamentos da família; por fim, promove o igualitarismo desenfreado que procura suprimir até o princípio da propriedade privada – princípio no entanto tão essencial, garantia da instituição da família, parte integrante da doutrina pontifícia e protegido por dois Mandamentos da Lei de Deus.

Em resumo, hoje o mundo está ainda mais atolado no pecado do que na época das aparições de 1917 e os “erros da Rússia” atingiram o núcleo da vida social e religiosa do Ocidente. O apelo de Nossa Senhora à penitência não teve a acolhida que merecia e o castigo pelos crimes da humanidade abateu-se sobre ela num crescendo espantoso. A segunda guerra mundial e os crimes do nazismo, os mais de 100 milhões de mortos de que são responsáveis os regimes comunistas e seus aliados, as guerras incessantes e as perseguições religiosas que redobram, são exemplos gritantes. O que se pode então concluir?

Nesse auge de mal em que o mundo está mergulhado, é revelado o “terceiro segredo”

É justamente nesta situação – dramática por tantos lados – que a terceira parte da mensagem de Fátima, ou “terceiro segredo”, foi revelada pela Santa Sé, em 26 de junho de 2000.

 A terceira parte é a visão de um anjo brandindo uma espada de fogo que ameaça a terra e grita com voz forte: Penitência, penitência, penitência! Depois, o Papa, Bispos, sacerdotes, religiosas, homens e mulheres de todas as condições sobem, em meio a uma cidade em ruínas, uma colina onde se encontra uma grande cruz e lá são martirizados. O sangue dos mártires é recolhido por anjos que com ele irrigam as almas que se aproximam de Deus.

Castigo, perseguições, martírio e volta das almas a Deus

Assim, não só os funestos “erros da Rússia” espalharam-se pelo Ocidente e o mundo inteiro, destruindo sistematicamente a Civilização Cristã, mas as perseguições, sangrentas ou não, se multiplicam; aqueles que manifestam e professam sua adesão aos princípios imortais da Moral cristã, fundamento da única verdadeira civilização, já são perseguidos ou o serão em breve:

 Perseguido e punido pela lei o médico católico que se recusar a praticar um aborto; perseguido e punido pela lei o católico que afirmar, como ensina o catecismo, que a prática da homossexualidade é um pecado contra a natureza; perseguido e punido pela lei o professor ou o diretor de escola católica que se negue a ensinar a libertinagem sexual no seu estabelecimento; perseguidos os sacerdotes que se recusem a violar o segredo de confissão; perseguidos os católicos que, isolados ou reunidos em associações, queiram fazer ouvir sua voz na sociedade como eco do Magistério da Igreja… sem falar dos numerosos países em que, hoje, é derramado abundantemente o sangue dos cristãos pelo martírio.

É, pois, necessário ver as coisas de frente. Conforme advertia o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, grande apóstolo de Fátima, “há uma trama colossal para derrubar nos fiéis a convicção de que o mundo moderno é mau, de que vai receber o castigo de Deus, de que a Mensagem se cumprirá em razão do pecado. Tudo isto não se crerá mais. No momento em que não crerem e em que o demônio der gargalhadas, dizendo: ‘Desta vez nós logramos Aquela em cima, cujo nome não ousamos pro­nunciar’, Ela fará conhecer que jamais deixou de pisar a cabeça da Serpente”(Palestra em auditório da TFP — 20/1/1990).

Para evitar, na medida do possível, as conseqüências terríveis do desencadeamento final dos castigos anunciados por Nossa Senhora e apressar a aurora bendita do triunfo do Coração Imaculado de Maria – que Ela prometeu – devemos recorrer aos meios indicados: uma devoção mais fervorosa para com a Mãe de Deus, a oração e muito particularmente a recitação do Rosário, a penitência, a prática dos Mandamentos da Lei de Deus. Somente assim resolver-se-á a terrível crise mundial. Somente assim estarão reunidas as condições para uma paz verdadeira e duradoura: a paz de Cristo no Reino de Cristo, e mais particularmente a paz de Maria no Reino de Maria.